quinta-feira, 13 de março de 2008

... Distante... ser distante...

No sentido...
São entre as casas dos sentidos...
Entre meio as paisagens sensíveis... Esqueceu-se também de expressar-se...
As tangentes não vertenciais, correntes de tantos tempos impensados...
Inalterados por tal supremacia própria de sí... de seu código interno...
Suas combinações, são pais de momentos eternos e raríssimos...
Tais configurações de momentos e movimentos geram a matriz dos sonhos...

Raízes... mais que nutridoras...
Mares de vivências descontínuas...
Sonambulismo paisagista, das cachoeiras de emoções torrenciais...
O aflorar de perpetuidade interna no que existe apenas depois de não existir...
Como o não ter mais, ser a porta para se ser....
Não chove aqui por que não precisa...
Quando se chove aqui é por que também não precisa chover...
Acontece o impreciso....que invariavelmente é preciso em acontecimento...

Mais que flora madrugal....
Mais que matizes psicotrópicas...
Ainda que desconfigura-se a experiência aprendida, movimenta-se...
E a nova experiência é complexificada em estrutura...
Vezes com o abandono dos modelos, vezes com transmutação de elementos...
E ainda chove, mais que antes, menos que ante-antes...
Correu rio, subiu rio, subiu-se o rio...
Centenas de fôlegos, e ainda mais centenas de dez fôlegos na água forte...

E agora é noite...
De fato, já estava noite, mas esta noite a partir de agora é diferente...
É mais noite que antes...
É a parte em que acontece a noite da noite...
E para isso vive-se o dia...
Dentro da noite...
E as razões das coisas suspiram por vezes...
Por vezes, por vozes, por des-serem...
Sem dentro, as coisas da razão, que justificam a des-razão das coisas...





E por mais que queiram...
Os bichos da noite devoram estas coisas...
E então se dá a transmutação...
A cada mordida... a cada unha que rasga a pele...
A cada investida do animal noturno que me devora...
Descortinando-me...
Devorando o que não existe em mim...
E pouco a pouco me trazem para perto deles...
E então tenho outra pele...
E então não sou...

Nas estradas estreitas...
Nos arredores das estreitezas...
Plantas de caráter supremo...
Vegetações e vendavais...
O sinal das grandes plantas, o uivar das grandes folhas...
E vem de longe o cuidado para com as grandes tormentas...
Vem seja de onde for, mas o cuidado sempre vem e é...
São como galhos rígidos e flexíveis...
São como mãos que agarram com o cuidado e com o zêlo...
De qualquer momento, em todos os lugares...
Simplesmente tudo esta em apenas um lugar...

E a tormenta, a tempestade...
As águas do céu...
As águas da terra...
As terras na água e o vendaval que assopra...
Onde quer que suspire o vento e suas criaturas, se dá para ouvir...
Mais do que ouvir...
E ainda se ouve mais do que se pensa ouvir...
Entrado na água, subindo pela água do rio...apenas não se pensa...
E o céu também vem ao rio...
A noite se faz dentro e fora do rio... permeando todo o reino de vegetações...







Uma ave dos cantos notívagos...
Costumeira a cantar nos cantos da vegetação...
Sossega e canta...
Suspira e sossega...
E canta...
E olha, me olha...
Me reconhece e canta...
Canta e suspira, sossega, me olha, reconhece-me e canta...
E se dá o que se desconhece, mas é o que se reconhece...
À escuta de mim e da ave está nosso incomum...
Em nosso ímpeto interno...
E soam os ventos, soam os vendavais e soa junto nosso reconhecimento...

Suspirando com a terra úmida...
Vai-se o rio terroso que suspira também...
E a água é a nossa água...
Enquanto se vê o olhar das pedras, tudo se move...
As pedras se movem, sente-se o movimento no interior da terra...
Perde-se enquanto se encontra neste lugar de múltiplos relevos...
Se condensa a primitividade essencial a cada animal presente ali...
Entoando-se voz primitiva, suspirando-se a fluidez primal...
O olhar das plantas, o uivar da noite e sua cantiga que acalma...
Ela oferece o medo e o sossego, aceita-se o que se quer...

Este lugar, a noite...
Não há variabilidade...
O olhar que desprende-se...
E as névoas, saem da água, saem da terra e estão entre as plantas...
Cobrem os bichos e fazem a unidade das coisas daqui...
Tudo é uma unidade apenas...



Mosiah Schaule

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